quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Vida e obra de Jorge Amado


Vida e obra de Jorge Amado

-Biografia


Jorge Amado nasceu em Pirangi(BA),em 1912. Depois de trabalhar na imprensa, estudou direito, em 1931, mudou-se para o Rio de Janeiro, e lá publicou o seu primeiro romance: O País do Carnaval. Participou da Aliança Nacional Libertadora e esteve detido entre 1936 e 1937. Morou alguns anos em Buenos Aires e, em 1945, foi eleito deputado por São Paulo. Em 1947, viajou por muitos países de então União Soviética. Foi eleito membro da Academia Brasileira de letras, em 1959.

Jorge Amado denunciou a avidez dos coronéis nos latifúndios de exploração do cacau, principalmente nos romances épicos Terras do Sem-Fim e São Jorge dos Ilhéus. Há mais de 60 anos ele deixou a Bahia; para ganhar o mundo. Morou em Paris e conhece cada canto da Europa, mas quase tudo o que escreveu fala da gente simples do nordeste e tem sua querida Bahia como cenário.

- Vida do autor

São 32 livros, traduzidos para 49 idiomas. Já vendeu desde O País do Carnaval, o primeiro livro, de 1931, quase 20 milhões de exemplares no Brasil e no exterior. Capitães de Areia de 1937 é o recordista: quatro milhões. Nada mal para um “contador de histórias”, como ele gosta de se definir, que não tinha muitas pretensões na vida. O pai era um proprietário de terras na região do cacau no sul da Bahia, e Jorge fez o primário em Ilhéus.Foi cursar direito no Rio e na mesma época publicava os livros que lhe deram projeção nacional; Cacau, de 1933, e Jubiabá, de 1935.

Nos anos 40 ingressou no Partido Comunista Brasileiro e foi eleito deputado federal em São Paulo. A carreira política terminou quando o PCB foi posto na clandestinidade. Exilou-se do país e foi respirar novos ares na Europa e na Ásia ao lado da escritora Zélia Gattai, com quem se casou em 1945 e vive até hoje. “Cumpri minha tarefa como comunista e abandonei o partido em 1955 porque não queria mais receber ordens”, disse outra vez. Hoje em dia tem posições políticas moderadas.

- Obras

Romance: O País do Carnaval(1931); Cacau(1933); Suor (1934); Jubiabá (1935); Mar Morto (1936); Capitães de Areia (1937); Terras do Sem-Fim (1942); São Jorge dos Ilhéus(1944); Seara Vermelha (1946); Os Subterrâneos da Liberdade (3 volumes 1952); Gabriela Cravo e Canela(1958); Dona Flor e Seus dois Maridos(1967); Tenda dos milagres (1970); Teresa Batista cansada de guerra (1973); Tieta do Agreste (1977); Farda, Fardão, Camisola de Dormir (1979); Tocaia Grande (1984);

Novela: Os velhos marinheiros(1961); Os pastores da noite(1964);

Biografia: ABC de Castro Alves (1941); Vida de Luís Carlos Prestes (1945); Memórias: Navegação de Cabotagem (1992).

-Livros que lhe deram projeção nacional:

CACAU (1933)

JUBIABÁ (1935)

-Obra-Prima:

CAPITÃES DE AREIA
TERRAS DO SEM-FIM

GABRIELA, CRAVO E CANELA.

DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS
TENDA DOS MILAGRES


Características de uma de suas obras



“CAPITÃES DE AREIA”

A obra CAPITÃES DE AREIA trata da vida de menores abandonados da Bahia, liderados por Pedro Bala e vivendo num velho trapiche de Salvador, à custa de furtos e malandragens. Os “Capitães de Areia” revoltam-se por causa do abandono em que vivem. A obra denuncia as desigualdades sociais, contrapondo permanentemente burguesia e povo, a desonestidade da classe dominante e a sensibilidade dos que vivem à margem da sociedade.

- TRECHO DESSE ROMANCE


CAPITÃES DE AREIA

Como o vestido dificultava seus movimentos e como ela queria ser totalmente um dos Capitães de Areia, o trocou por umas calças que deram a Barandão numa casa da cidade alta. As calças tinham ficado enormes para o negrinho, ele então as ofereceu a Dora. Assim mesmo, estavam grandes e para ela, teve que cortar nas pernas para que dessem. Amarrou com cordão, seguindo o exemplo de todos, o vestido servia de blusa. Se não fosse a cabeleira loira e os seus nascentes, todos poderiam tomar como um menino, um dos capitães de areia.

“Nos primeiros livros, tudo era maniqueísta: o rico é ruim e só o pobre presta. Mas vi que as coisas são mais complexas e passei a ter horror a ideologias, diz. É grande amigo de Antônio Carlos Magalhães e acredita que Fernando Henrique pode se tornar um grande estadista.

No mínimo, a experiência no PCB contribuiu para que Jorge diversificasse suas troças. Nos anos 50, convidado oficial do governo chinês, foi assistir a um espetáculo da Ópera de Pequim e sentou-se na poltrona ao lado do ministro da cultura de Cuba. O intérprete do cubano dormiu e ele passou a perguntar ao escritor tudo o que acontecia no palco.

Quando em cena apareceram vários soldados, Jorge disse: A imperatriz vai se deitar com todos os soldados “. E o cubano arregalou os olhos. Depois, entram alguns cavalos:” Agora é a vez de todos os cavalos se divertirem com a moça.”Foi demais. O ministro de Fidel se retirou do teatro e, no dia seguinte, fez uma queixa formal na reunião dos camaradas. Jorge, quietinho, fingiu que não ouviu.

A mania de zombar dos outros fez com que alguns dessem o troco na mesma moeda. Em Portugal, passeando pelas ruas de Lisboa com o escritor conterrâneo João Ubaldo Ribeiro, foi cercado por uma multidão que queria saber se aquele ”tal” Jorge Amado era o autor de O Bem Amado, novela de enorme sucesso em terras lusitanas. Ubaldo confirmou, mas disse que ele usava o pseudônimo Dias Gomes e, às vezes, assinava, Janete Clair. Em 1974, faliu a editora Martins que tinha os direitos de seus livros. O amigo Antônio Machado passou a ser o novo editor e Jorge fez questão de incluir uma nova cláusula no contrato. Se uma das partes rompesse o acordo, ficava proibido o rompimento da amizade.



Por: Ludimilla Soares

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